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06 de Dezembro de 2021

ATA 005/2021 - Revisão 001

Informações
  • Preparado por: Carlos Frederico Bastarz, relator
  • 06 de Dezembro de 2021

Coordenação: Saulo Ribeiro de Freitas e Pedro Leite da Silva Dias

REVISÃO DATA DA REVISÃO ALTERAÇÕES
R000 14/01/2022
  • Versão inicial
R001 26/01/2022
  • Revisão geral e adequação da escrita por Carlos Bastarz/INPE

Membros Participantes

  • INPE: Caio Augusto dos Santos Coelho, Carlos Frederico Bastarz, Celso Mendes, Chou Sin Chan, Daniel Vila, Luiz Flávio Rodrigues, Luciano Ponzi Pezzi, Saulo Ribeiro de Freitas.
  • INMET: Francisco Quixaba Filho (ausente).
  • UFCG: Enio Pereira de Souza (ausente).
  • CENSIPAM: Ivan Saraiva (ausente).
  • ITA: Jairo Panetta.
  • INPA: Luiz Cândido (ausente).
  • MB: Flávia Rodrigues Pinheiro, Walid Maia Pinto Silva e Seba (ausente).
  • FAB: José Hélio Abreu Nogueira.
  • UFSM: Otávio Acevedo.
  • USP: Marcia Akemi Yamasoe, Pedro Leite da Silva Dias, Pedro Peixoto, Ricardo de Camargo.
  • LNCC: Roberto P. Souto.
  • UFMS: Vinicius Buscioli Capistrano (ausente).
  • UFPA: Júlia Clarinda Paiva Cohen (ausente).

Apoio Administrativo

  • Fabielle Adriane Mota Alves

Local, Data e Hora

  • Plataforma RNP
  • 06 de Dezembro de 2021, das 9:00 horas às 11:00 horas

Link da gravação

Repositório das apresentações

Reunião do Comitê Científico do Modelo para Previsão dos Oceanos, Superfícies Terrestres e Atmosfera.

Às 9:00hs do dia 06 de Dezembro de 2021, reuniram-se virtualmente os representantes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade de São Paulo (USP), Laboratório Nacional de Computação Cientí ca (LNCC), Marinha do Brasil (MB) e Força Aérea Brasileira (FAB), com o objetivo de discutir e dar continuidade aos trabalhos do Comitê Cientí co do Modelo para Previsão dos Oceanos, Superfícies Terrestres e Atmosfera. Esta ata registra a memória da reunião realizada e congrega as informações inseridas no chat, como links e informações pertinentes às discussões realizadas. Este documento está orientado de acordo com as pautas estabelecidas pelo Saulo Freitas durante a sua apresentação.

Abertura

Saulo Freitas inicia os trabalhos lembrando a todos que esta é a 6ª reunião do Comitê Cientí co (CC) do Modelo Comunitário do Sistema Terrestre Uni cado e que esta atividade irá completar 1 ano, período este que marca a ideia inicial do modelo em dezembro de 2020. Relembra que primeiro houve uma reunião informal, em seguida uma reunião com o diretor do INPE, a partir da qual criou-se o comitê inicial e, em seguida, o início das reuniões. Cita que o CC está empenhado em obter os recursos necessários para o desempenho das atividades relacionadas com o desenvolvimento do modelo. Adiciona que o país está passando por di culdades, o que di culta a obtenção dos recursos, mas que não pode impedir o desenvolvimento do modelo, que deve conferir ao país a autonomia técnico-cientí ca que necessita nesta área. Saulo Freitas passa para a apresentação das pautas da reunião.

Pauta 1 - O Processo de Escolha do Nome do Modelo Comunitário do Sistema Terrestre Unificado - Relatório

Saulo Freitas apresenta o relatório do processo de escolha do nome do modelo comunitário. Relembra que o processo de escolha do nome se deu por meio de uma enquete em que os membros do CC sugeriram nomes com o seu arrazoado. Os nomes foram compilados e divulgados para a escolha dos membros do CC pela Fabielle Alves. Para tal, foi necessária a realização de duas rodadas de sugestões devido a que, na primeira, os nomes sugeridos continham menções ao Brasil (dadas as discussões anteriores, chegou-se ao consenso de que o nome do país não deveria compor o nome do modelo), além de acrônimos que já estavam sendo utilizados por outros modelos. Na segunda rodada, foram sugeridos novos nomes que atendiam os requisitos propostos. Como não houveram objeções e nem a necessidade de uma terceira rodada para a escolha do nome do modelo comunitário, encerrou-se o processo. O nome escolhido, com 8 votos, foi "Model for Ocean-laNdAtmosphere predictioN (MONAN)", com a tradução para o português "Modelo para Previsão dos Oceanos, Superfícies Terrestres e Atmosfera". Em ambos os idiomas, o acrônimo do modelo é MONAN. Saulo Freitas acrescenta que o nome escolhido já deve ser utilizado a partir das próximas reuniões, sendo este comunicado aos órgãos e divisões pertinentes. O grupo de Processamento de Alto Desempenho (PAD) também já deve começar a utilizar o nome escolhido para a organização dos repositórios e outras atividades.

Pauta 2 - Relatório das Reuniões dos Subcomitês - Superfície Continental, Solos e Atmosfera

Saulo Freitas inicia a apresentação do relatório da reunião do subcomitê da atmosfera. Comenta que foi realizada uma reunião no dia 26 de novembro de 2021, para a qual foram convidados 26 pesquisadores da comunidade cientí ca brasileira, relacionados com a modelagem atmosférica. Dentre os 26 convidados, 20 puderam participar. Um dos aspectos fundamentais discutidos inicialmente, foram as escalas espaciais e temporais que devem ser consideradas no MONAN. Diante das discussões do grupo, chegou-se à conclusão de que o modelo deve ser capaz de realizar previsões na escala espacial de 1 km e na escala temporal de 1 hora. Essa conclusão deve-se às limitações impostas pelos núcleos dinâmicos atualmente existentes, os quais estão preparados para funcionar dentro destes limites. Apesar disso, a expectativa do grupo é a de que seja possível, com os especialistas associados ao MONAN, que estas limitações possam ser superadas. Além disso, o grupo tem por objetivo trabalhar os processos da Camada Limite Planetária (CLP), os quais são observados na escala espacial de dezenas de metros.

Pedro Dias faz comentários sobre as escalas de realização do modelo comunitário. Cita que, quando se diz que o modelo tem a escala de 1 km, signi ca que ele deve representar fenômenos que estejam na escala de 1 km. Consequentemente, a resolução do modelo deve ser menor. Saulo Freitas concorda com Pedro Dias e comenta que há uma confusão entre o que é a resolução efetiva do modelo e o espaçamento entre os pontos da sua grade. Saulo Freitas complementa dizendo que os modelos que utilizam os núcleos dinâmicos Model for Prediction Across Scales (MPAS) e Finite Volume Cubed-Sphere Dynamical Core (FV3), não possuem físicas tão re nadas para resolver explicitamente processos na escala de 1 km.

Saulo Freitas comenta também que durante a reunião do subcomitê de modelagem atmosférica, foram discutidas algumas das características desejáveis para o MONAN, em termos de núcleo dinâmico, método de discretização e grade computacional. Dentre as características da grade computacional, discutiu-se se esta deve ser do tipo não estruturada com possibilidade de re namento ou com o aninhamento de grade; se deve ser global ou de área limitada (fronteiras abertas) e se deve ser discretizada em volumes nitos, elementos espectrais ou em outro método. Em termos do núcleo dinâmico, o grupo discutiu se este deve ser localmente conservativo em massa, se deve ser hidrostático ou não-hidrostático, se deve ser totalmente compreensível, se deve ser adequado para a atmosfera "profunda" e qual a sua ordem de acurácia global e efetiva. Sobre este último aspecto, destaca o detalhamento apresentado pelo Pedro Peixoto durante a reunião. Destaca também que a Chou Chan falou sobre a versão do Global Eta Framework (GEF) - modelo Eta em escala global, destacando as características principais dessa versão do modelo.

Pedro Peixoto comenta sobre o limite da aplicação do método espectral em modelos de escala global e quais as opções dos núcleos dinâmicos do MPAS, FV3 e do GEF. Devido à escalabilidade computacional, as malhas poderão ser estruturas de hexágonos ou pentágonos (malhas de Voronoi, do FV3 e MPAS), ou poderão ser estruturas por um cubo projetada sobre uma esfera (esfera cubada, do GEF). Dentre estas opções, há vantagens e desvantagens. A esfera cubada demanda a aplicação de operadores de maior precisão, além de requerer a aninhamento de malhas. Por outro lado, embora a acurácia dos operadores em malhas de Voronoi seja menor, é mais exível e permite melhores re namentos na malha para a alta resolução em escala regional. Além disso, há a coordenada vertical. O FV3 utiliza uma coordenada vertical de pressão, que segue o terreno, enquanto que o MPAS utiliza uma coordenada de altura que também segue o terreno. Dentre as discussões realizadas pelo subcomitê de modelagem atmosférica, Pedro Peixoto comentou sobre as discussões se estas coordenadas que seguem o terreno são adequadas para a representação de regiões de grande variação topográ ca como a cordilheira dos Andes. Complementa dizendo que estes aspectos foram todos discutidos, mas que não houve uma decisão sobre o que deve ser utilizando pelo MONAN.

Pedro Dias acrescenta sobre a exibilidade da malha e os problemas advindos da utilização de uma grade não homogênea. Comenta que o imprinting que surge nestas malhas é um problema localizado que pode ser controlado. A escolha da coordenada vertical é preocupante, pois na América do Sul há acidentes geográ cos como a Cordilheira dos Andes e a Serra do Mar, os quais exercem importante in uência na Meteorologia. Sobre a coordenada vertical Eta, utilizada também na versão global do modelo Ocean Land Atmosphere Model (OLAM), comenta que a variação de resolução vertical, próxima à superfície é muito grosseira e não representa adequadamente os processos próximos à superfície. O aninhamento na vertical pode ser uma alternativa, como por exemplo, re nar a resolução vertical sobre a Cordilheira dos Andes. O problema de se fazer isso, são os resíduos gerados pela integração numérica, que podem ser resolvidos com a difusão, o que não é necessariamente bom. Acrescenta que a formulação clássica da coordenada vertical Eta já não é mais utilizada e que há uma versão mais moderna que considera uma inclinação entre os diferentes estratos da coordenada (shopping steps ou shaved cells), o que ameniza o problema dos uxos perpendiculares à montanha, permitindo que os uxos horizontais ocorram. Esta característica, diminui a necessidade de difusão numérica. Pedro Dias corrobora a fala de Pedro Peixoto e diz que será necessário estudar mais as opções, principalmente a aplicação da coordenada Eta e que será necessário desenhar experimentos para testar as opções.

Jairo Panetta questiona se os modelos do European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF) estão sendo contemplados também nas discussões, além dos modelos americanos MPAS e FV3. Pedro Peixoto responde dizendo que o modelo do ECMWF, o Integrated Forecast System (IFS), é um modelo de volumes nitos, de malha octaédrica e que preserva as linhas de latitude. Isso signi ca que eles conseguem aplicar a transformada de Fourier, ao menos localmente, e preservar toda a estrutura computacional do IFS. Essa versão do IFS-Finite Volume, utiliza uma discretização semelhante à empregada no FV3, mas utiliza toda a parte de pré e pós-processamento já em uso pelo modelo do ECMWF. O Met Office está desenvolvendo um núcleo dinâmico em malha cubada com elementos nitos mistos. Comenta também que a França está seguindo uma linha semelhante ao do MPAS e que na Alemanha, estão fazendo outros tipos de testes. O núcleo dinâmico do ECMWF é o mais recomendado. Jairo Panetta questiona também se não é uma boa ideia seguir os desenvolvimentos do ECWMF. Pedro Dias e Saulo Freitas comentam que o ECMWF não disponibiliza o código operacional do IFS, apenas versões anteriores e que podem haver restrições quanto ao uso operacional do IFS por outros centros.

Saulo Freitas comenta sobre a possibilidade de se utilizar o mesmo núcleo dinâmico com uma coordenada vertical em um domínio urbano, para a simulação do escoamento em cânions urbanos.

Pedro Dias complementa dizendo que, na sua experiência, isso só foi possível ser feito com o uso da versão moderna da coordenada Eta, ou utilizando modelos diferentes (e com diferentes resoluções) aninhados. Para o uso com um mesmo modelo, cita que apenas conseguiu fazer este tipo de simulação utilizando a versão moderna da coordenada Eta. Saulo Freitas complementa dizendo sobre a importância do grupo de PAD que poderá explorar todos estes aspectos relacionados com os núcleos dinâmicos.

Saulo Freitas comenta sobre as parametrizações físicas, sobre como um modelo deve ser capaz de simular sem emendas, com parametrizações físicas que se adaptam às resoluções variáveis (sistema seamless), que deve ser um dos pontos principais do modelo. Cita também outros aspectos discutidos como módulos de radiação solar e terrestre, microfísica de nuvens, o acoplamento com o modelo de aerossóis para o prognóstico de núcleos de condensação de água líquida e gelo. Complementa dizendo sobre a necessidade de se ter uma formulação única da parametrização de nuvens para qualquer escala espacial, especialmente na escala de subgrade e na chamada zona cinzenta (em que uma parametrização pode tentar resolver fenômenos nas escalas da grade e subgrade que contribuem para os processos turbulentos). No aspecto do tratamento da turbulência, destaca a necessidade de simulação explícita dos processos de mistura horizontal na escala de tempestades (storm-scales, entre 1 e 4 km). Cita também os desa os relacionados com a representação da composição da atmosfera e qualidade do ar, como os módulos de emissões antrópicas e naturais e de uxos biogênicos. Em termos dos requisitos da grade computacional do modelo, cita que é desejável que o MONAN tenha uma grade global de resolução variável, com um re namento sobre a América do Sul. Ainda sobre este aspecto, comenta que uma das possibilidades é a produção de previsões ambientais em escala regional e local simultâneas.

Saulo Freitas convida o Otávio Acevedo para apresentar o relatório do subcomitê de superfície e camada limite.

Otávio Acevedo inicia a sua apresentação comentando sobre a composição do subcomitê de superfície e camada limite. Comenta que o objetivo não é iniciar os desenvolvimentos a partir do zero, mas aproveitar desenvolvimentos já existentes, como pacotes desenvolvidos pelo National Center for Atmospheric Research (NCAR). Comenta sobre as di culdades encontradas em esforços anteriores (eg., o Modelo Integrado de Processos Super ciais - Inland, devido à problemas de PAD). Cita que este modelo já está defasado em relação aos outros, que a assimilação de dados é importante, embora não tenha sido priorizada até agora. Acrescenta outros aspectos relevantes como necessidade de se melhorar a representação do carbon dioxide removal. Otávio Acevedo acrescenta também que o grupo levantou questões relevantes para o desenvolvimento do MONAN sobre a América do Sul, como o importante papel no balanço de carbono global, o protagonismo do Brasil na solução de grandes problemas ambientais e, especi camente, a representação da Amazônia, da cordilheira dos Andes, da meteorologia tropical, da convecção entre outros.

Otávio Acevedo, em relação à representação da Camada Limite Planetária (CLP), destaca a importância da representação da turbulência e CLP noturna para a previsão de extremos, tempo severo entre outros. Cita problemas relacionados com o acoplamento do modelo de CLP ao modelo de superfície e acrescenta que o modelo Weather Research and Forecasting Model (WRF) possui um módulo separado para resolver a interface entre os uxos da camada super cial e a CLP.

Saulo Freitas destaca a importância do subcomitê de superfície e camada limite, por ser um grupo capaz de testar diferentes soluções e implementações de parametrizações no MONAN, em diferentes escalas espaciais. A sinergia entre os diferentes grupos para a solução dos problemas também é um aspecto importante, pois há a oportunidade de atacar os problemas utilizando a experiência dos membros dos grupos.

Pedro Dias destaca a troca de experiências como algo muito positivo, a interação entre os grupos e a troca de informações dentro do MONAN. Otávio Acevedo concorda e cita que outros grupos também tem demandas sobre a CLP e que isso também é algo importante. Complementa dizendo que o Brasil tem uma tradição acima da média em observações da CLP, com plataformas observacionais que podem ser utilizadas no desenvolvimento do MONAN. Pedro Dias concorda e cita que a diversidade de grupos envolvidos e os dados observacionais são importantes também na modelagem numérica. Pelo chat, Márcia Yamasoe informa que o seu grupo de trabalho está avaliando o efeito dos aerossóis de queimadas na irradiância solar incidente e de superfície.

Luciano Pezzi comenta sobre a base de dados de observações de navios que tem sido utilizados no estudo e compreensão de fenômenos. Cita que estes dados devem também ser utilizados para a melhoria dos modelos numéricos.

Pauta 3 - As Demandas e Requisitos da Marinha do Brasil

Flávia Pinheiro inicia a sua apresentação citando os serviços meteorológicos realizados pela MB por meio da Diretoria de Hidrogra a e Navegação (DHN). Cita que o Serviço Meteorológico Marinho (SMM) envolve aspectos operacionais e de pesquisa, mas as limitações computacionais do SMM limitam as ações em termos de pesquisa e desenvolvimento. Comenta que o SMM realiza previsões não apenas para as áreas oceânicas mas também para regiões ribeirinhas, sendo os serviços realizados pela SMM abrangentes tanto na área oceanográ ca quanto na área meteorológica. Dentre os serviços realizados, comenta que o monitoramento meteorológico e oceanográ co das áreas de busca e salvamento, é o mais importante. Em relação aos produtos entregues pela SMM, estão cartas sinóticas, boletins meteorológicos e climatológicos, avisos de mau tempo, previsões especiais, boletins de informações ambientais e auxílio à decisão. Em relação aos boletins climatológicos, explica as di culdades relacionadas devido ao fato de que a SMM não realiza previsões climáticas e que é necessário reunir uma grande quantidade de informações para a sua elaboração. Comenta que estes produtos atendem não apenas à MB, mas também à sociedade civil.

Flávia Pinheiro, em relação à modelagem conduzida pelo SMM, cita que são realizados cinco modelos diferentes. Para a modelagem atmosférica, comenta que são utilizados principalmente os modelos Consortium for Small-scale Modeling (COSMO) e, mais recentemente, o modelo Icosahedral Nonhydrostatic Model - Limited Area Mode (ICON-LAM), ambos com resolução horizontal de 7 km (este último modelo, recém instalado e em fase de con guração e ajustes). Comenta que o modelo WRF (com 10 km de resolução horizontal) é utilizado como contingência mas que, apesar das necessidades, um fator limitante é a capacidade computacional do SMM para a realização destes modelos. Cita que a MB possui uma parceria com a The Deutscher Wetterdienst (DWD) desde que a previsão numérica foi estabelecida na MB. Saulo Freitas questiona sobre o tempo necessário para a realização das previsões e qual é a extensão das previsões realizadas. Flávia Pinheiro comenta que o modelo ICON-LAM é realizado para até 120 horas (ie., 5 dias) e que é necessário 1 hora para a sua completa realização, com duas realizações diárias a partir das quais são gerados todos os produtos. Em relação ao modelo de ondas, comenta que o SMM utiliza o Wave Watch III (WW3), realizado com forçantes dos modelos Global Forecast System (GFS), ICON e COSMO. Cita que, apesar do SMM não poder realizar um ensemble dos modelos, estas três forçantes são utilizadas para a geração de um produto similar que auxilia nas previsões. Pedro Dias questiona se, no caso das forçantes do GFS, são utilizados os conjuntos de previsões ou apenas as previsões controle. Flávia Pinheiro responde que são utilizadas apenas as previsões controle. Em relação aos modelos oceanográ cos, cita que o SMM realiza o modelo HYbrid Coordinate Ocean Model (HYCOM), com grande aporte de desenvolvimento por parte da equipe da Rede de Modelagem e Observação Oceanográfica (REMO) e do Centro de Hidrogra a da Marinha (CHM). Comenta que o modelo HYCOM possui um esquema de assimilação de dados baseado em Ensemble Optimal Interpolation, com duas grades diferentes de aproximadamente 9 km e 4 km de resolução horizontal. Com a equipe da REMO, cita alguns trabalhos realizados em conjunto (eg., Sistema de Previsão de Correntes de Maré em Águas Rasas, parte integrante da Previsão Ambiental da Marinha - PAM). Pedro Dias questiona se há algum produto para o a foz do rio Amazonas. Flávia Pinheiro responde que a MB faz previsões para áreas ribeirinhas mas que é muito difícil fazer previsões para regiões especí cas de rios devido ao modelo COSMO ter o seu domínio sobre o oceano. Comenta que o continente está sob a jurisdição do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), mas que a MB também tem a responsabilidade de ter informações sobre o continente (em regiões ribeirinhas), mas que há a di culdade de se fazer as previsões utilizando os modelos atuais. Flávia Pinheiro demostra, por meio da PAM, que as previsões do modelo COSMO são feitas para as regiões ribeirinhas, mas que o seu detalhamento é muito inferior em relação ao domínio oceânico.

Flávia Pinheiro, em relação às necessidades demandas da MB para o MONAN, cita que a assimilação de dados atmosférica é um dos principais problemas a serem resolvidos. Comenta que o principal fator limitante neste ponto, é a parte computacional. O modelo HYCOM possui um esquema de assimilação de dados, mas a parte atmosférica não possui. Outro ponto de destaque é o modelo acoplado oceano-atmosfera, que também não é contemplada pelo SMM. Comenta que um modelo acoplado poderia fornecer previsões de maior extensão (atualmente, as previsões do SMM são limitadas a 5 dias). As anomalias da temperatura da superfície do mar também são importantes para a previsão de eventos extremos sobre o oceano e que isso é um desa o para o SMM. Cita também a aplicação de um modelo de CLP que, no contexto dos produtos e serviços prestados pelo SMM, é importante para a previsão de nevoeiros costeiros e oceânicos. Conclui dizendo que se o MONAN possuir alguns destes aspectos destacados, será de grande valia para as atividades realizadas pela MB.

Saulo Freitas agradece a exposição realizada pela Flávia Pinheiro e abre a palavra para as discussões entre os demais componentes do CC do MONAN. Saulo Freitas questiona qual seria o espaçamento de grade ideal para as previsões sobre o oceano, pensando sobre o que é desejável e o que é factível. Flávia Pinheiro responde dizendo que, atualmente, não é possível aumentar a resolução dos modelos em uso pelo SMM, devido às limitações computacionais. Comenta que, para a situação atual, 4 km de resolução horizontal é o ideal, principalmente devido à interpolação que é feita nas forçantes atmosféricas (o modelo HYCOM em uso possui resolução horizontal de aproximadamente 4 km, enquanto que a forçante atmosférica possui resolução horizontal de 7 km). Essa interpolação não é o ideal e a paridade entre as resoluções do modelo oceânico e das forçantes atmosféricas é um aspecto importante a ser considerado. Comenta que uma solução é investir no modelo WRF porque é um modelo mais conhecido e amigável, na tentativa de aumentar a sua resolução.

Saulo Freitas comenta que um problema de se utilizar o modelo WRF, é a perda da inicialização do modelo. Saulo Freitas questiona se a interação entre os processos atmosférico e oceânicos são retroalimentamos ou se são completamente desacoplamos. Flávia Pinheiro responde que a interação entre estes processos é inteiramente desacoplada, mas que apesar disso, o modelo WW3 em uso está bem con gurado para o domínio da MB. Por estas razões, comenta sobre a necessidade de se ter um modelo acoplado.

Pedro Dias questiona como é o suporte computacional em termos de PAD para o SMM.

Flávia Pinheiro responde que para o SMM há 10 o ciais e que eles são também responsáveis pela parte de PAD dos modelos utilizados. Comenta que o acúmulo das atribuições relacionadas com as atividades da modelagem é um grande desa o (modelagem, otimização e realização operacional dos modelos). Entre outros aspectos dos desa os e atividades do SMM, Flávia Pinheiro comenta também sobre as demandas decorrentes do episódio do derrame do óleo na costa brasileira ocorrido em 2019.

Pedro Peixoto questiona sobre o acordo com o DWD. Flávia Pinheiro comenta que o acordo com o DWD (desenvolvedor do modelo COSMO) com a MB iniciou-se em 1997 quando a previsão numérica foi estabelecida na MB. Comenta que os custos com o modelo COSMO (licenciamento e suporte) é de aproximadamente 20 mil euros anuais. Isso ocorre devido ao fato do modelo ser de código fechado.

Pauta 4 - Próximas Ações

Saulo Freitas apresenta as próximas ações a serem realizadas no âmbito do desenvolvimento do MONAN. Como ações iniciais, cita a implementação dos núcleos dinâmicos FV3, MPAS e Global-Eta no INPE e no Laboratório Nacional de Computação Cientí ca (LNCC), para o início das atividades de prospecção e avaliação. Comenta que esta ação será feita em conjunto com a comunidade para se ter ideias sobre o que deve ser testado e para a troca de informações e experiências entre os envolvidos a m de que todos possam convergir na escolha do núcleo dinâmico a ser utilizado pelo MONAN. Cita que estão previstas reuniões internas com a pós-graduação em Meteorologia do INPE (PGMET) e a Divisão de Modelagem Numérica do Sistema Terrestre (DIMNT) para a de nição dos seus papéis no desenvolvimento do MONAN. Comenta que no âmbito da PGMET será criada uma linha especial focada nos assuntos especí cos para pesquisa e desenvolvimento do modelo comunitário.

Saulo Freitas cita sobre a importância da continuidade das reuniões dos subcomitês da atmosfera, superfície e camada limite e PAD. Comenta também sobre a sugestão do diretor do INPE sobre a apresentação do projeto do MONAN para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em 2022. Outras ações incluem a apresentação das demandas do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e do INMET para o modelo comunitário, através dos seus respectivos representantes, Ivan Saraiva e Francisco Quixaba.

Ações Para a Próxima Reunião

  • Apresentação do relatório da reunião do subcomitê dos oceanos e criosfera.
Anexos